Watatsumi, também conhecido como wadatsumi ou Ryūjin, é uma das divindades da mitologia japonesa associada ao mar e venerada como o grande deus das águas.
Origem e Significado do Nome
Watatsumi
O nome Watatsumi é encontrado em várias fontes antigas, como o Kojiki e o Nihongi .
No Kojiki, o nome é escrito como 海神, que literalmente significa “deus do mar”. O significado original de Watatsumi como “deus tutelar do mar” também foi estendido para significar apenas “o mar” ou “o oceano” de maneira metafórica.
A etimologia do nome Watatsumi é incerta. Alguns estudiosos sugerem que “wata” é um termo antigo japonês para “mar” ou “oceano”, enquanto “tsu” é uma partícula possessiva. O termo “mi” pode significar “cobra” ou “senhor/ deus”, levando à hipótese de que os deuses do mar no Japão antigo eram originalmente vistos como cobras ou dragões.
Essa divindade é reverenciada como o grande deus do mar, Ōwatatsumi no Kami, o Deus Dragão, e com os três Watatsumi Sanjin, deuses que governam os mares superior, médio e inferior. Esses deuses são conhecidos como Sokotsu Watatsumi no Kami (deus do fundo do mar), Nakatsu Watatsumi no Kami (deus do meio do mar), e Uwatsu Watatsumi no Kami (deus da superfície do mar). Segundo a mitologia, esses deuses foram criados a partir do sangue de dragão que caiu sobre Izanagi enquanto ele se purificava após sua jornada ao Yomi, o mundo dos mortos.
Sendo assim, o grande dragão dos mares é irmão, ou meio irmão dos deuses susanoo, amaterasu, fujin, raijin, tsukuyomi etc..
Ryuujin
Ryuujin significa deus dragão.
Esse dragão das águas japonês, que simbolizava o poder do oceano, era descrito com uma boca enorme. Ryūjin é visto como um deus benevolente e patrono do Japão, uma vez que a população japonesa, por milênios, viveu da generosidade do mar. Ryūjin residia em Ryūgū-jō, seu palácio subaquático construído de corais vermelhos e brancos, de onde ele controlava as marés com joias mágicas. Tartarugas marinhas, peixes, águas-vivas, serpentes e outras criaturas do mar eram servos de Ryūjin.
No Kojiki, Watatsumi é honrado com o título de Ōwatatsumi no Kami, “Grande Deus do Mar”.
Um dos contos mais famosos relacionados a Watatsumi ou Ryuujin envolve sua filha, Otohime, e seu marido humano, Hoori. Após perder o anzol de seu irmão Hoderi, Hoori desce ao fundo do mar, onde conhece e se casa com Otohime.
Eles vivem juntos no palácio submarino de Watatsumi, Ryūgū-jō, por três anos, até que Hoori sente saudades de casa. Watatsumi, então, ajuda Hoori a recuperar o anzol perdido e instrui-o sobre como lidar com seu irmão.
O primeiro imperador do Japão, Imperador Jimmu, é dito ser neto de Otohime e Hoori, fazendo do deus dragão um dos ancestrais da dinastia imperial japonesa.
Lendas
Como a Água-viva Perdeu seus Ossos

Uma das lendas envolvendo Ryūjin é a história de como a água-viva perdeu seus ossos. Segundo a história, Ryūjin desejava comer o fígado de um macaco (em algumas versões, para curar uma erupção incurável) e enviou uma água-viva para capturar o macaco. No entanto, o macaco conseguiu escapar ao enganar a água-viva, dizendo que havia deixado seu fígado em um jarro na floresta e ofereceu-se para ir buscá-lo. Quando a água-viva voltou e contou a Ryūjin o que havia acontecido, o deus ficou tão furioso que espancou a água-viva até seus ossos serem esmagados, deixando-a sem ossos até hoje.
O Conto de Tawara Tōda
Em outra lenda, Ryūjin pede a ajuda de um homem chamado Tawara Tōda para se livrar de uma centopeia gigante que atacava seu reino. Tawara Tōda concorda em ajudar Ryūjin e o acompanha de volta ao seu lar. Após matar a centopeia, Tawara Tōda é recompensado por Ryūjin com um saco de arroz que nunca se esvazia.
Imperatriz Jingū

De acordo com a lenda, a Imperatriz Jingū conseguiu realizar sua invasão à Coreia com a ajuda das joias das marés de Ryūjin. Em algumas versões da história, Jingū pediu a Isora que descesse ao palácio de Ryūjin e recuperasse as joias das marés. Ao confrontar a marinha coreana, Jingū jogou a kanju,( “joia que faz a maré recuar”) no mar, e a maré recuou, deixando a frota coreana encalhada. Então, Jingū jogou a manju ( “joia que faz a maré subir”) e a água subiu, afogando os soldados coreanos. Um festival anual, chamado Gion Matsuri, no Santuário Yasaka, celebra essa lenda.
A Lenda de Tamatori Hime
Há muito tempo, Byakkō, filha de Fujiwara no Kamatari, que se casou na China, decidiu enviar vários tesouros ao seu irmão, Fujiwara no Fuhito, como oferendas para homenagear o falecido pai. No entanto, quando o navio carregado de tesouros se aproximou da costa de Shidō, uma tempestade surgiu, e o precioso tesouro chinês, a joia “Menkōfuhai no Tama”, foi roubada pelo deus dragão Ryūjin.
Fuhito, disfarçado, foi até Shidō para recuperar a joia. Lá, ele se apaixonou por uma ama (mergulhadora), filha de um pescador, e juntos tiveram um filho chamado Fusasaki. Eles viveram felizes como uma família. Porém, ao descobrir o verdadeiro motivo da visita de Fuhito, a ama decidiu, por amor ao marido, recuperar a joia, mesmo que isso custasse sua vida. Ela mergulhou até o palácio do dragão.
Após algum tempo, Fuhito, aguardando no barco, puxou a corda que a ama usava como sinal. Para seu horror, a ama emergiu gravemente ferida. Logo após, nos braços de Fuhito, ela faleceu. Contudo, a joia, pela qual ela deu sua vida, estava escondida em seu peito, que ela havia cortado para guardá-la.

Mais tarde, a joia foi entregue ao templo Kōfuku-ji em Nara. Fusasaki, que herdou o nome da família Fujiwara e se tornou ministro, visitou Shidō-ji, onde erigiu mil pagodes de pedra, ampliou o pequeno templo, e realizou cerimônias budistas para confortar o espírito de sua falecida mãe.
Ryūgū-jō: O Palácio Subaquático de Ryūjin
Ryūgū-jō, frequentemente traduzido como “Palácio do Dragão” ou “Palácio Subaquático”, é a residência mítica e sobrenatural do deus dragão Ryūjin na tradição japonesa. Este palácio lendário, descrito como uma magnífica construção subaquática, é o cenário central da famosa história de Urashima Tarō, um pescador que, após salvar uma tartaruga, é convidado a visitar este palácio sob o mar. Lá, ele é recebido pela princesa Otohime e seus servos, mas quando retorna à terra, descobre que centenas de anos se passaram, apesar de ter acreditado que estivera ausente apenas alguns dias.

O Ryūgū-jō é descrito na tradição como um palácio de corais, adornado com paredes de coral e árvores cujas folhas são esmeraldas e frutas são rubis. Esta descrição é bem refletida nas ilustrações e textos da era Meiji, que retratam o palácio de maneira elaborada, com materiais preciosos como pérolas e cristais. Em algumas versões mais antigas da história, o palácio é apresentado como uma ilha flutuante em vez de uma estrutura submersa, mas a visão moderna e mais amplamente aceita é de um palácio localizado sob as águas.
Além de sua arquitetura deslumbrante, Ryūgū-jō é notável por sua capacidade de mostrar as quatro estações do ano simultaneamente em seus quatro lados, conforme algumas versões da lenda. Esta característica simbólica reflete a beleza e a complexidade do mundo marinho que Ryūjin governa.
O palácio também está associado ao “peixe remo” Regalecus glesne conhecido como ryūgū-no-tsukai em japonês, que significa “mensageiro do Palácio do Dragão” .
Sua aparição é presságio de tsunamis/terremotos.
Existe uma teoria que afirma que em virtude de habitarem as profundezas do oceano, estes animais são mais sensíveis a movimentações sísmicas do que em comparação aos animais que habitam a superfície, razão pela qual é feita a associação entre estes desastres naturais e a presença de peixes-remo nas praias.

Após o terremoto e tsunami de Fukushima em 2011, os quais mataram mais de 20 mil pessoas, muitos apontaram que inúmeros peixes-remo encontrados em 2009-2010 reforçariam a tese.
Cultura Pop
No jogo online “genshin impact” existe uma ilha chamada watatsumi, que foi inspirada nas ilhas ryukyu do Japão.
Dentro desse mapa do jogo existe um local chamado “sangonomiya shrine”, provavelmente inspirado no palácio sub aquatico ryugu-jo.

O pokémon Lugia parece ter sido inspirado no deus dragão Ryuujin.

A estação de trem Katase-Enoshima, teve sua arquitetura inspirada nas descrições do palácio ryuugu-jo

O Santuário Ryugu é um santuário dedicado a Otohime, localizado em Nagasakihana, local de nascimento da lenda Ryugu. É apreciado como o local onde Taro Urashima e a Princesa Otohime se conheceram.

Lá é costume as pessoas escreverem seus pedidos em conchas e deixá-los em grandes jarros no santuário.
