Você já visitou um templo japonês e se perguntou sobre aquelas impressionantes estátuas de animais guardiões na entrada? Esses são os Komainu, também conhecidos como os cães guardiões ou leões guardiões dos templos xintoístas e budistas no Japão.
Tradicionalmente colocados em pares, um de cada lado da entrada, eles não estão lá apenas para decoração. No xintoísmo, os Komainu são vistos como mensageiros divinos, encarregados de afastar e impedir a entrada de espíritos malignos, protegendo assim os espaços sagrados.
Curiosamente, essas figuras protetoras não estão sempre nos portões de entrada, mas sua presença é quase certa em qualquer templo ou santuário que você visitar no Japão.
Divisão do Espaço de um Santuário Xintoísta
- Haiden: O Haiden é o salão de orações e cerimônias de um santuário xintoísta. Ele fica geralmente na frente do edifício principal e é onde as pessoas podem entrar para fazer suas preces. Este é o espaço acessível ao público e costuma ser o maior e mais decorado do santuário.
- Honden: O Honden é o edifício mais importante do santuário, onde fica a principal divindade (kami). Este local é considerado muito sagrado, e o público não pode entrar. Somente os sacerdotes têm acesso para realizar rituais especiais. Até mesmo a abertura das portas deste edifício é feita com cerimônias específicas.
Alguns santuários e templos optam por manter as estátuas em seu “honden”, especialmente os mais antigos, já que a tradição de colocá-los na entrada dos santuários só se popularizou durante o período Edo, muito tempo depois da construção de tais templos e santuários.
Origem e História do cão/ leão guardião Japonês
Os komainu provavelmente têm sua origem no Oriente Médio e na Índia. No antigo Egito e Mesopotâmia, eram utilizadas estátuas de leões para guardar espaços ou objetos considerados sagrados, um bom exemplo disso é a esfinge.
Mas se os komainu são descendentes de estátuas de leões, por que são chamados de “cães guardiões”?
Quando as primeiras estátuas de komainu chegaram ao Japão, no período Asuka (538 a 710 d.C.), os japoneses, que nunca tinham visto um leão (o primeiro leão vivo a chegar ao Japão foi no início do ano 1866), confundiram essas criaturas com cães.
Significado e diferenças do komainu
Há uma diferença entre o komainu com a boca aberta (Agyo) e o de boca fechada (Ungyo). O komainu com a boca aberta, chamado de “a-gyo”, é considerado o macho, também é associado à energia yang e à proteção.
No Japão, é comum vermos estátuas onde o leão com a boca aberta segura uma bola sob suas patas. Essa bolinha, conhecida como “temari” no Japão, era confeccionada com sobras de tecidos de quimonos. Ela simboliza amizade e lealdade.
O leão com a boca fechada, conhecido como “un-gyo”, é considerado fêmea, associado à energia yin. Em algumas estátuas, ela traz um filhotinho sob suas patas ou próximo ao seu corpo.
Tipos de Pose dos Komainu
Os komainu podem ser encontrados em duas grandes categorias de poses, Izumo e Okazaki.
Komainu Tipo Izumo:
Nesta pose, os leões estão agachados, parecendo um gato se espreguiçando. Esta posição transmite uma sensação de relaxamento e prontidão ao mesmo tempo.
Tipo Okazaki: Nesta pose, os leões estão sentados, em uma posição mais ereta e formal. Esta postura transmite uma sensação de alerta e vigilância.
Curiosidades sobre os Komainu
- Em muitos santuários, os komainu têm chifres, uma característica herdada das representações chinesas de leões.
- Em alguns templos, os cães guardiões podem ser substituídos por outros animais, como javalis, raposas e gatos.
Um bom exemplo é o Inari Taisha, cujos guardiões são kitsune (raposas).
- No passado, acreditava-se que o som “a” da boca aberta representava o início de todas as coisas, enquanto o som “un” da boca fechada simbolizava o fim. Juntos, formam “aum”, um som sagrado na cultura japonesa.
- Komainu também são encontrados em diferentes estilos e materiais, variando de pedra e bronze a madeira, dependendo da época em que foram criados e região do Japão.
Esses guardiões representam a força e a proteção divina, guardando os locais sagrados contra espíritos malignos e trazendo um senso de segurança e reverência para os visitantes. São testemunhas silenciosas de uma herança cultural, prontas para compartilhar suas histórias com aqueles que estão dispostos a ouvir.♡